Como limpar uma moeda com Coca-Cola?
Ácidos e corrosão
Esta experiência é muito conhecida e talvez já seja do conhecimento dos leitores. No então, será que conhecem qual o processo por detrás da “limpeza” das moedas com Coca-Cola?
Desde a Antiguidade que se conhecem substâncias de características especiais (sabor, tacto, alterações de cor) que hoje em dia se denominam por ácidos e bases. No entanto, só no principio do século XX é que se definiram estes conceitos:
. ácido: espécie química dadora de iões H+;
. base: espécie química receptora de iões H+.
Assim, segundo esta teoria, uma reacção ácido-base é uma reacção na qual ocorre uma transferência de protões, H+, de um ácido para uma base. No entanto, é necessário conseguir medir se uma solução possui mais ou menos iões H+. Existe então uma medida, o pH, que mede essa mesma concentração de acordo com uma escala de 0 a 14, em que o 0 caracteriza o extremo ácido, o 14 o extremo básico e o 7 define uma solução neutra.
Quando medimos o pH da Coca-Cola, verificamos que este é muito baixo, cerca de 2,5-2,8. Os ácidos com valores tão baixos são muitas vezes corrosivos, ou seja, degradam por acção química irreversivelmente substâncias ou superfícies com as quais estejam em contacto. O próprio termo corrosão deriva do verbo latino corrodere, que significa morder ou roer, o que descreve o efeito que as substâncias corrosivas têm quando actuam.
Nesta experiência, o ácido da Coca-Cola não é forte o suficiente para corroer a moeda, no entanto é capaz de degradar todos os resíduos que se encontram na sua superfície, razão pela qual ela fica limpa.
Protocolo experimental
1. No recipiente, verter a Coca-Cola e mergulhar as moedas completamente no líquido;
2. Esperar entre 1 a 2 dias e retirar as moedas da bebida.
Material necessário
Moedas
Coca-Cola
Recipiente
Conclusões
Seguimos o protocolo tal como está indicado e pudemos retirar boas conclusões desta experiência. A documentação da mesma foi feita através de fotografias e não de vídeo, uma vez que neste caso não faria sentido filmar a experiência integralmente. A experiência foi bem sucedida, pois conseguimos observar claramente uma diferença entre o brilho inicial das moedas e após a “limpeza” com Coca-Cola.
No entanto (e apesar de já exceder um pouco o domínio do nosso trabalho), após a concretização desta experiência questionamo-nos: se este refrigerante de elevado grau de acidez pode ter este efeito em objectos não terá também consequências a nível da ingestão? Ou seja, será prejudicial para a nossa saúde?
Apesar de a fórmula exacta e completa da Coca-Cola não ser pública, sabe-se que da sua composição fazem parte três ácidos principais: ácido carbónico, ácido cítrico e ácido ortofosfórico. O ácido carbónico deve-se ao dióxido de carbono dissolvido na bebida e que lhe confere o gás. Este ácido não é decerto o principal contribuinte para a acidez da Coca-Cola, pois medindo o pH com e sem gás observamos que este não difere muito. Já o ácido cítrico não está presente em todas as versões da bebida. No entanto, foram feitos ensaios que demonstraram que a Coca-Cola não possui mais ácido cítrico que uma laranja e, como tal, não é devido a este ácido que possuí o tão baixo grau pH que a caracteriza. Assim sendo, o responsável pela tão elevada acidez da Coca-Cola é o ácido ortofosfórico, H3PO4. Ainda assim, esta bebida continua a ter um pH bastante comparável a sumo de laranja, uvas ou morangos, pelo que muitos defendem que a acidez Coca-Cola não é mais prejudicial à saúde que a ingestão destes alimentos.
Nota: as fotos relativas à experiência encontram-se disponíveis na galeria do nosso site.